domingo, 5 de julho de 2020

O CRISTIANISMO NÃO É ESOTÉRICO EM NENHUM SENTIDO


Carlos Nougué

Os gnósticos, e em especial os perenialistas, para justificar sua absurda doutrina de uma tradição ou revelação primordial que faria as religiões essencialmente idênticas, costumam dizer que o cristianismo tem um lado exotérico, para as multidões, e outro esotérico, somente para os iniciados. Tudo, claro, envolto em torneios linguísticos “dialéticos” de “sim e não” (em vez de “sim, sim; não, não”) para confundir os incautos. E parece (disse: “parece”) que até o Pe. Arintero (na obra “Evolução Mística”, publicada pelo CDB) pode arrolar-se, de algum modo, entre os que defendem a dupla face esotérica/exotérica do cristianismo (e, embora ele pareça falar em iniciação com respeito apenas ao místico, isso também constitui erro, como mostrarei também no curso sobre o Apocalipse). – Mas o fato é que Cristo mesmo e seu Novo Testamento desmentem categoricamente tal dupla face. Como falarei extensamente disto no referido curso, dou-lhes aqui apenas algumas citações com respeito ao que digo, ou seja, que a Revelação é igual para os doutos e para os simples.
1) “E disse-me [o Anjo]: Não seles [ou seja, não ocultes] as palavras da profecia deste livro, pois o tempo [da Parusia] está próximo” (Apocalipse, 22, 10).
2) “O que vos digo ao ouvido, pregai-o dos telhados” (Cristo nas instruções aos apóstolos, Mateus 10, 27).
3) “Eu falei ao mundo abertamente. Interroga tu os que me ouviram, eles sabem o que eu disse” (Cristo ao pontífice que o interroga sobre sua doutrina, João 18, 20).
Por isso diz São João Crisóstomo: “Aquele que não entende é porque não ama”.

Observação: no curso sobre o Apocalipse, tratarei em detalhe também as passagens de Isaías, no Antigo Testamento, relativas a este assunto.