segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Pacotes promocionais de cursos online de Carlos Nougué
A partir de 10 de novembro de 2016, oferecer-se-ão três pacotes promocionais de cursos de Carlos Nougué.
1) São quatro os cursos:
• um no valor de R$ 300,00:
• e três no valor de R$ 180,00 cada um:
2) E são os seguintes os
pacotes promocionais:
Pacote 1
• Por uma Filosofia Tomista
+
• os outros três cursos =
de R$ 840,00 por R$ 588,00 (ou seja, 30% de desconto).
Observação. Os alunos-subscritores terão acesso aos vídeos-aula durante 60 meses a contar da data
de inscrição.
Pacote 2
• A Existência de Deus e a Criação
do Mundo – segundo S. Tomás de Aquino +
• O Melhor Regime Político segundo S. Tomás
(e o atual momento político) +
• História da Música Erudita Ocidental (litúrgica
e profana) =
de R$ 540,00 por R$ 405,00 (ou seja, 25% de desconto).
Observação. Os alunos-subscritores terão acesso aos vídeos-aula durante 36 meses a contar da data
de inscrição.
Pacote 3
• Por uma Filosofia Tomista +
• O Melhor Regime Político segundo S. Tomás
(e o atual momento político) =
de R$ 480,00 por R$ 384,00 (ou seja, 20% de desconto).
Observação. Os alunos-subscritores terão acesso aos vídeos-aula durante 36 meses a contar da data de inscrição.
Desconto adicional. Terão desconto adicional (de cerca de 6,61%)
os que pagarem à vista, por boleto, qualquer dos pacotes.
Para quaisquer esclarecimentos ou para pedidos de outros pacotes, escreva-se a Marcel Barboza:
cursos@carlosnougue.com.br.
cursos@carlosnougue.com.br.
Data de início do novo curso de Carlos Nougué: “História da Música Erudita Ocidental (litúrgica e profana)”
História da Música
Erudita Ocidental
(litúrgica e profana)
Curso on-line de
24 horas ministrado por
Carlos
Nougué
[Curso já
ministrado presencialmente e fundado
em nosso
livro Das Artes do Belo, por publicar.]
“A música não tem por
fim senão louvar a Deus e recrear a alma
(dentro de justos
limites). Quando se perde isso de vista, já não pode haver
verdadeira música, e
não restarão senão barulhos e gritos infernais.”
Joahnn Sebastian Bach
[Comunicado 1]
ABERTURA
DAS INSCRIÇÕES PARA O CURSO
E
INÍCIO DESTE
1)
Em 10
de novembro de 2016, abrir-se-ão as inscrições para o curso online
História da Música Erudita Ocidental (religiosa e profana), de 18 horas,
divididas em 12 aulas de cerca de uma hora e meia cada uma.
2)
As inscrições far-se-ão em nosso site:
VALOR
E FORMAS DE PAGAMENTO
1)
Valor total:
a)
ou R$ 180,00 em até 6 parcelas sem juros no cartão de crédito;
b)
ou R$ 165,30 por pagamento à vista mediante débito on-line ou boleto bancário.
Observação. O pagamento se fará, em nosso próprio site,
mediante o PagSeguro.
2)
Ao pagarem, os alunos-subscritores receberão automaticamente uma senha de
acesso aos vídeos-aula e à bibliografia.
INÍCIO
E DURAÇÃO DO CURSO
1)
O curso terá início no mesmo dia 10 de novembro próximo.
2)
Os alunos-subscritores terão acesso aos vídeos-aula durante um ano a
contar da data de inscrição.
EMENTA
DO CURSO
I. Fundamentos
teóricos: a essência e o fim da Música, uma das artes do belo; fundamentos da
teoria musical.
II. Os gêneros da Música:
1. Litúrgico;
2. Profano,
que se subdivide em
a. Profano
religioso;
b. Profano
em sentido estrito.
III. Marcos
da música litúrgica:
1. Canto
ambrosiano (ou milanês);
2. Canto
velho-romano;
3. Canto
beneventiano;
4. Canto
moçárabe;
5. Canto
gregoriano;
6. Canto
polifônico palestriniano.
→ Compositores que serão tratados:
• Giovanni Pierluigi da
Palestrina; Tomás Luis de Victoria; Gregorio Allegri.
IV. Marcos
da música profana:
1. Origem.
2. A música
profana medieval.
3. A música
profana humanista e renascentista (do
século XIV ao XVII).
→ Compositores que serão tratados:
• Guillaume
de Machaut; John Dunstable; Guillaume de Dufay; Johannes Ockeghem; Josquin
Desprez; Jacob Obrecht; John Taverner; Thomas Tallis; Orlandus Lassus; William
Byrd; Giovanni Gabrieli; Carlo Gesualdo; Jan Pieterszoon Sweelinck.
4. A música
barroca (do século XVII ao XVIII).
→ Compositores que serão tratados:
• Claudio
Monteverdi; Orlando Gibbons; Girolamo Frescobaldi; Jean-Baptiste Lully;
Dietrich Buxtehude; Marc-Antoine Charpentier; Johann Pachelbel; Arcangelo
Corelli; Henry Purcell; François Couperin; Alessandro Marcello; Tomaso Giovanni
Albinoni; Antonio Vivaldi; Georg Philipp Telemann; Jean Philippe Rameau; Georg
Friedrich Haendel; Johann Sebastian Bach.
5. A música
clássica (do século XVIII a inícios do XIX).
→ Compositores que serão tratados:
• Christoph Willibald Gluck; Carl Phillip Emanuel
Bach; Franz Joseph Haydn; Wolfgang Amadeus Mozart; Ludwig van Beethoven.
6. A música
romântica (do século XIX a meados do XX).
→ Compositores deste período que
serão tratados:
• Nicolò
Paganini; Franz Schubert; Hector Berlioz; Felix Mendelssohn; Frédéric Chopin;
Robert Schumann; Franz Liszt; Richard Wagner; César Auguste Franck; Anton
Bruckner; Johannes Brahms; Piotr Ilich Tchaikovsky; Antonín Dvórak; Charles
Marie Widor; Gabriel Fauré; Gustav Mahler; Claude Debussy; Jean Sibelius;
Sergei Rachmaninoff; Franz Schmidt; Richard Wetz.
7. A música
moderna ou atonal (século XX-XXI).
8. A música
moderna tonal.
→ Compositores que serão tratados:
• Philip
Glass; Arvo Pärt.
• O caso de Prokofiev e de Shostakovich.
Apêndice: A Orquestra Moderna.
Observação 1: em cada aula se darão links para a
audição ou assistência de peças dos diversos compositores tratados, além de
indicações discográficas e técnicas (em PDF). Tanto aquelas peças como estas
indicações estarão publicadas também em nossa página A Boa Música (www.aboamusica.com.br).
Observação 2: os alunos poderão sempre escrever ao
professor suas dúvidas ou perguntas; e as respostas do professor ficarão
disponíveis a todos os alunos.
CURRÍCULO DE CARLOS NOUGUÉ
I. Dados pessoais:
Nome:
Carlos (Augusto Ancêde) Nougué;
Nacionalidade:
brasileira;
Idade:
64 anos.
II. Qualificações profissionais:
1)
Professor de Filosofia, de Teologia e de Estética por diversos lugares;
2)
Professor de Tradução e de Língua Portuguesa em nível de pós-graduação;
3)
Tradutor de Filosofia, de Teologia e de Literatura (do latim, do francês,
etc.);
4)
Lexicógrafo.
III. Autor dos seguintes livros:
• Suma
Gramatical da Língua Portuguesa – Gramática Geral e Avançada (São
Paulo, É Realizações, 2015, 608 pp.);
• Estudos
Tomistas – Opúsculos (Formosa, Edições Santo Tomás, 2016, 192 pp.);
• Comentário
à Isagoge de Porfírio (Formosa, Edições Santo Tomás;
por lançar-se ainda em 2016);
• Das
Artes do Belo (São Paulo, É Realizações; por lançar-se);
• A
Necessidade da Física Geral Aristotélica (São Paulo, É Realizações;
por lançar-se como estudo introdutório da tradução do Comentário de
Santo Tomás à Física de Aristóteles).
•
etc.
IV. Outros cursos on-line ministrados
por Carlos Nougué:
V. Responsável pelas
seguintes páginas web:
•
Estudos Tomistas (www.estudostomistas.com.br);
•
A Boa Música (www.aboamusica.com.br).
___________
Uma iniciativa
conjunta
Central de Cursos Contemplatio
Associação Cultural
Santo Tomás
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Tradição, Tradição católica e falsa tradição
Paolo Pasqualucci
Sumário:
1. A
noção de tradição.
2.
Tradição cristã e não “judaico-cristã”.
3.
Definição da Tradição católica.
4. A
Tradição católica não contém nada de secreto, ela não é esotérica.
5. A
noção esotérica da tradição é irracional e falsa.
5a. A
inversão do significado da Cruz por René Guénon.
Em geral, todos consideram bem conhecido o sentido da palavra
“tradição”. Nós, todavia, julgamos importante defini-lo corretamente. É o que
faremos neste artigo.
1. A noção de tradição.
Antes de tudo, a ideia de tradição compreende a de certos valores
transmitidos e preservados ao longo de gerações. Transmitidos e preservados,
ou seja, ensinados e apresentados como valores a se respeitar, visto que
constituem o fundamento inalterável de uma determinada concepção de mundo e,
consequentemente, do modo de viver de uma sociedade — compreendida globalmente
enquanto povo. Com efeito, a tradição se materializa nos costumes. A
ideia de tradição está, portanto, ligada à de valor e costume. Não
há aqui lugar para uma definição subjetiva do que é o valor: o valor
preservado pela Tradição é precisamente aquele que se impõe pelo fato de fundar
essa mesma tradição e de pertencer-lhe, a despeito do que pensam os indivíduos,
que devem reconhecê-la e obedecer a ela.
Os valores expressos na tradição constituem a verdade da
própria tradição. São compreendidos como dignos de pertencer à tradição porque
são verdadeiros, porque se considera que nesses valores estão expressas
verdades. Verdades de caráter religioso e moral, ou apenas religioso, ou apenas
moral, ou moral e político, ou apenas político, ou enfim, provindo apenas dos
costumes: uma verdade que é, seja o que for, objetiva, que pertence à coisa
enquanto tal, independentemente do fluxo e refluxo de opiniões e acontecimentos.
A verdade que se compreende nos valores da tradição equivale à
conformidade desses valores com a ideia de justiça: os valores da
tradição são justos, esta é a sua verdade; e é justo observá-los e
conservá-los.
A tradição é, portanto, um sistema coerente de princípios e
comportamentos que constituem as normas, escritas ou não, das quais o
indivíduo não pode se afastar no plano dos costumes ou das leis. Quando ligada
a uma instituição ou a uma nação, a Tradição aparece com um componente épico:
atos gloriosos e empresas memoráveis — batalhas, guerras.
Assim compreendida, encontramos a tradição em todos os campos da
atividade humana, no sentido de que cada um deles forja sempre uma tradição a
se respeitar. Até mesmo os criminosos possuem uma tradição em seus atos
delituosos, de modo que podemos falar de tradições boas ou más. As tradições más,
que são de um tipo diverso, ou as que estão completamente ultrapassadas, devem
evidentemente ser combatidas e eliminadas, e não ser observadas, enquanto isso
for possível.
2. Tradição cristã e não “judaico-cristã”.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Sexo masculino e sexo feminino
Carlos
Nougué
1) Ao falarmos de homem e não deste ou daquele homem,
ao falarmos de cão e não deste ou daquele cão, ao
falarmos de gato e não deste ou daquele gato, falamos
da essência (naturalmente universal), respectivamente, de todos os indivíduos
humanos, de todos os indivíduos caninos, de todos os indivíduos “gatunos”. O
indivíduo enquanto indivíduo não tem essência; enquanto é tal,
enquanto é indivíduo, tem apenas uma quididade: diferença numérica.
2) A definição de homem é: substância, vivente, animal/sensível,
racional, embora seja suficiente e conveniente defini-lo pelo gênero próximo
(animal) e pela diferença específica (racional): animal racional. – A definição
é sempre a definição da essência.
3) Mas ser masculino ou feminino não é parte da definição da essência,
senão que se vincula a um acidente. Deve ver-se, pois, que tipo de acidente.
a) Antes de tudo, é um acidente material,
ou seja, está entre os acidentes que derivam da matéria.
b) Os acidentes materiais, todavia, também se dividem (e seguirei de
perto aqui o opúsculo – um dos primeiros escritos de S. Tomás – De ente
et essentia, c. VI, § 4).
• Alguns acidentes seguem a matéria segundo a ordem que ela tem a uma
forma especial, tal como se dá com o sexo masculino e o sexo feminino nos
animais. Sem dúvida a diversidade entre os dois sexos assenta na matéria, mas
segundo a ordem referida, razão por que, quando desaparece a forma animal, tais
acidentes (sexo masculino e sexo feminino) não se mantêm (a não ser de maneira
equívoca, assim como só equivocamente uma mão decepada pode dizer-se mão).
• Outros acidentes, porém, seguem a matéria segundo sua ordem a uma
forma genérica. Por isso, ainda que tenha desaparecido a forma especial, estes
acidentes ainda se mantêm na matéria. É o que se dá, por exemplo, com a cor da
pele, que, por provir da combinação de elementos materiais e não da
constituição da alma, se mantém (por um tempo, é óbvio) depois da morte.
4) Naturalmente, os dois sexos não são passíveis de mudança. Não
equivalem a acidentes como ser alto ou baixo, estar pálido ou bronzeado, etc.
Há porém outro tipo de acidentes – os chamados acidentes próprios, ou
propriedades – que não podem não dar-se nos indivíduos de determinada
espécie, ou, se não se dão em determinado indivíduo, sentimos que falta algo
para que se dê nele a perfeição específica. Pois bem, ter sexo (ser sexuado) é
acidente próprio dos viventes (e tem por fim a procriação da espécie), mas o é de tal modo em boa parte das espécies animais, que aí não pode dar-se
senão dividindo-se em indivíduos masculinos e femininos. E esta divisão em masculino e feminino é tal, pela
própria natureza destas espécies, incluída a humana, que não são alteráveis ou intercambiáveis. Torna-se acidente permanente. –
Mas atenção: nem sempre é assim entre os animais, e há peixes que mudam de
sexo, como o peixe-palhaço; entre esta espécie, o macho só o é por tempo
limitado. É parte de sua enteléquia crescer e tornar-se fêmea. E, ao que
parece, cerca de 10% das espécies de peixes mudam de sexo uma vez na vida,
passando de macho a fêmea ou vice-versa.
5) Mas é assim entre os peixes, e não é assim nos animais superiores,
nem no homem, porque assim está inscrito em seus respectivos genes,
responderá a Biologia, e porque assim determinam suas respectivas formas
substanciais, dirá a Física Geral – respostas que, longe de contradizer-se uma
à outra, se completam, mas com uma diferença: a primeira é subalternada à
segunda.
Observação. Resta dizer uma
palavra sobre o hermafroditismo, que sem dúvida alguma se deve a um defeito da
parte da matéria: em termos médico-biológicos, deve-se a um problema
teratológico, a uma má-formação embrionária. Há três tipos de hermafroditismo:
o hermafroditismo verdadeiro, o pseudo-hermafroditismo masculino e o
pseudo-hermafroditismo feminino; e naturalmente é o primeiro o mais assombroso.
Como quer que seja, todavia, ao considerarmos o hermafroditismo, incluímo-lo
entre aqueles defeitos que fazem pensar que falta algo – no
caso, a nítida separação entre os sexos – para a perfeição da natureza. – Não
se conclua daí, no entanto, que nos hermafroditas esteja ausente a natureza da
espécie ou a alma humana; apenas padecem eles precisamente, repita-se, de uma falta
ou defeito (< lat. defectus, us, “falta,
diminuição” < particípio passado defectum, do verbo deficĕre, “faltar”).
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
terça-feira, 18 de outubro de 2016
Evolucionismo 01 - El Origen de la Vida (Dr. Raúl Osvaldo Leguizamón)
El Dr. Raúl Osvaldo
Leguizamón es médico, egresado de la Universidad Nacional de Córdoba,
Argentina. Ha realizado su especialidad de Anatomía Patológica en las
Universidades de Emory y Minnesota, EE.UU. También cursó estudios avanzados de
Patología en la Universidad Juntendo, de Tokio, Japón. Durante 22 años se
desempeñó como anatomopatólogo del Hospital San Roque, de la ciudad de Córdoba,
Argentina, donde fue miembro de la Comisión de Bioética. Ha sido docente en la
cátedra de Patología, Histología y Biología Celular de dicha Universidad y
profesor de preparatoria en las asignaturas de Biología y Química. Desde hace
muchos años se ha dedicado al estudio de la teoría de la evolución, sobre la
cual ha escrito cinco libros: Y el mono se convirtió en hombre, La ciencia
contra la fe, En torno al origen de la vida, Fósiles polémicos y Breve análisis
crítico de la teoría de la evolución biológica, publicados en México y en
Argentina, y numerosos artículos en diversas publicaciones de su país. También
ha impartido conferencias y cursos sobre el tema. Actualmente, y desde el año
2003, se desempeña como profesor-investigador en el Centro de Estudios
Humanísticos y en el Departamento de Filosofía y Ciencia de la Universidad
Autónoma de Guadalajara.
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
A Imortalidade da Alma Humana
Errata: a certa altura
do vídeo, falo de Górgias, diálogo
platônico. Trata-se em verdade do diálogo platônico Críton (cf. Lições de Sócrates).
Lições de Sócrates
Carlos Nougué
“É melhor sofrer uma injustiça
que
cometê-la.”
Sócrates
Sócrates é o
albor da grande
ciência, aquela que prosseguirá de algum modo com Platão e sua “segunda
navegação”, cujo porto é o suprassensível, e que se consolidará grandemente com a doutrina de Aristóteles, a filosofia por antonomásia.
E gostaria de mostrar
aqui algumas das mais importantes lições que nos legou Sócrates, não só com sua
doutrina, mas com sua vida — doutrina e vida que, afinal, se entrelaçam tão
intimamente, que chega a ser difícil dissociá-las. Servir-nos-ão tais lições em
diversos âmbitos, do filosófico ao da prhónēsis ou prudentia,
mesmo do ângulo católico. Vejamo-las, pois, ainda que brevemente, ao modo de
apontamentos.
1) Em tudo e de tudo, como dirá
Aristóteles, buscava Sócrates a definição, e esta é uma das vertentes metódicas
que desembocarão, na Idade Média, na disputatio escolástica, cujo
aperfeiçoamento final se dará com Santo Tomás de Aquino. Com efeito, como já se
vê nos primeiros e “aporéticos” diálogos platônicos (Êutifron, Íon,
Lísis, Cármides e os dois Hípias),[1] Sócrates não dava
trégua ao intelecto em sua busca — já propriamente científica — de resolver
todos os argumentos ou objeções possíveis contra o correto entendimento e
definição de algo.[2] E, de fato, a confutação e a
maiêutica socráticas são a profícua semente que, após germinar no método
científico de Aristóteles, florescerá abundante e vigorosamente nas muitas quaestiones
disputatae do Aquinate (De veritate,
De potentia, De anima, De malo, De virtutibus, De
spiritualibus creaturis, De unione Verbi), em suas quaestiones de
quolibet, em sua Suma Teológica.
2) Antecipando o que se dirá na República
de Platão acerca da democracia — e, não nos enganemos, a democracia
ateniense tinha muito que ver com a moderna democracia liberal –, fustiga
diversas vezes Sócrates o fundamento daquele regime, com o qual a
sofística formava algo uno.[3] (E não se dará algo semelhante nos dias de hoje?
O que é a ciência hoje, em especial as mal chamadas ciências humanas, senão o reino do
relativismo — o reino da sofística — a serviço da democracia liberal, que,
porém, sob o manto de governo da maioria, não passa de uma partidocracia a
serviço de uma omnipoderosa plutocracia?) Veja-se, a título de exemplo, o
seguinte trecho do diálogo platônico Laques, na parte respeitante à
educação dos filhos de Lisímaco e de Melésias:
“Sócrates — Por quê, Lisímaco? Vais aceitar o que a maioria
de nós aprovar?
Lisímaco — Mas o que se poderia fazer, Sócrates?
Sócrates — Por acaso tu, Melésias, agirias de
igual modo? E, se houvesse uma reunião para decidir sobre a preparação
ginástica de teu filho, sobre em que ele deve exercitar-se, levarias em conta a
maioria de nós ou aquele que fosse precisamente formado e preparado por um bom
professor de ginástica?
Melésias — A este, logicamente, Sócrates.
Sócrates — Levá-lo-ias mais em conta que a nós
quatro?
Melésias — Provavelmente.
Sócrates — Suponho, então, que o que se há de
julgar bem deve julgar-se segundo a ciência, e não segundo a maioria.”
3) O socrático “só sei que nada sei” pode
traduzir-se, como o diz reiteradamente o mesmo Sócrates, no aparente paradoxo
de que só é verdadeiramente sábio aquele que se sabe não sábio. Como, porém,
resolver de modo preciso este aparente paradoxo? Duplamente. Em primeiro: o não
saber socrático é verdadeiro saber diante do falso saber sofístico, porque
destrói o monólogo de efeito dos sofistas e abre campo para a disputa
propriamente científica.[4] Em segundo: só é sábio aquele que se sabe não sábio
diante do deus e que, por isso mesmo, segue os desígnios dele sem
vacilar, mesmo em face da morte. Esta segunda resolução — em que se é tentado a ver uma sorte de “tipo” remoto de
Cristo e de seus mártires — não a alcança a maioria dos comentadores de
Sócrates. E, se assim é, fiquemos aqui, porém, apenas com sua mostração mais
cabal. Com efeito, não há como negá-lo após ler os últimos parágrafos daquele mesmo e
comovente diálogo Críton, nos quais Sócrates, tentando convencer a este
seu amigo de que ele não deve fugir para escapar à morte injusta decretada pelo
tribunal de Atenas, imagina que as leis lhe dirigem as seguintes palavras:
“– Antes, Sócrates, dá-nos crédito a nós [as leis], que te formamos, e não tenhas em mais conta teus
filhos nem tua vida nem nenhuma outra coisa do que ao justo, para que, quando
chegares ao Hades [o mundo dos mortos], exponhas em teu favor todas estas
razões diante dos que governam ali. Com efeito, nem aqui te parece a ti, nem a
nenhum dos teus, que o fazer isso seja melhor nem mais justo nem mais pio, nem
melhor quando chegares ali. Pois bem, se te vais agora [ou seja, se escapas
agora da prisão], vais condenado injustamente não por nós, as leis, mas pelos
homens. Mas, se te evadires tão ineptamente, devolvendo injustiça por injustiça
e mal por mal, violando os acordos e os pactos feitos conosco [as leis] e
fazendo mal aos que menos convém, a ti mesmo, a teus amigos, à pátria e a nós
[as leis], irritar-nos-emos contigo enquanto viveres, e ali, no Hades, as leis
nossas irmãs não te receberão com boa disposição, sabendo que na medida de tuas
forças tentaste destruir-nos. Procura que Críton não te persuada mais que nós a
fazer o que diz [ou seja, a fugir].”
Prossegue Sócrates:
“– Fica bem ciente, meu
querido amigo Críton, de que é isto o que eu creio ouvir [da parte do deus],
[...] e o eco mesmo destas palavras retumba em mim e faz com que eu não possa
ouvir outras. Fica ciente de que é isto o que eu penso agora e de que, se
falares contrariamente a isto, falarás em vão. No entanto, se crês que podes
conseguir algo [ou seja, para convencer-me a fugir], fala.”
Responde Críton:
“– Não tenho nada que
dizer, Sócrates.”
E conclui Sócrates,
encerrando o diálogo:
“– Eia, pois, Críton,
ajamos neste sentido, dado que por aí nos guia o deus [ou seja, caminhe eu para
a morte segundo o desígnio do deus e responda, assim, com um ato de justiça a
uma condenação injusta].”[5]
Não por nada é Sócrates
quem dá, um pouco como reflexo distante do Noûs de Anaxágoras, a
primeira prova mais consistente de que Deus é.
____________
[1] Ou seja, entre os
primeiros diálogos platônicos, não são “aporéticos” o Críton e, a meu ver, o Protágoras. (Quanto à Apologia de Sócrates, só
impropriamente se pode classificar entre os diálogos.) Ademais, por aporéticos
que sejam, não o são em um sentido preciso: o mostrar que a sofística não é um
verdadeiro saber nem conduz à sōphrosýnē (“sensatez” ou, segundo
Demócrito, o Platão do Crátilo e Aristóteles, “moderação”, aquilo que se
opõe a akolasía ou desenfreio, descomedimento).
[2] Com efeito, diz Sócrates
a Laques, no diálogo homônimo, “o bom caçador deve prosseguir a perseguição e
não deixá-la”, referindo-se precisamente à busca da definição. Usará Platão
metáfora semelhante em diversos outros lugares, como, por exemplo, Lísis,
218 c, e República, IV, 432 b.
[3] Um aluno perguntou-me, certa feita, como podia a sofística ser algo uno com a democracia
ateniense se, de fato, grande parte dos sofistas não era daquela pólis.
Ora, antes de tudo, Protágoras — propriamente o fundador da sofística — foi um
dos principais ideólogos da democracia “ilustrada” de Péricles. Ademais, mesmo
quando estrangeiros, só em Atenas podiam os sofistas exercer plenamente
sua atividade. Veja-se, para tal, a passagem do diálogo Hípias Maior (283
a-284 c) em que este sofista da Élide reconhece que os homens de Lacedemônia
(Esparta) não lhe entregam os filhos para que os eduque nem, pois, lhe dão
dinheiro. Diga-se algo semelhante de Górgias, que era de Leontinos, e dos
demais sofistas não atenienses.
[4] O diálogo socrático
(e pois o platônico) nada tem que ver com o diálogo relativista ou ecumenista
moderno, justamente porque aquele, como ciência, visava à verdade, enquanto
este já parte da negação mesma da verdade. Como já se disse, o diálogo
socrático é método de grande mestre.
[5] A distinção
aristotélica entre ato de justiça e ato justo, e pois entre ato de injustiça e
ato injusto, é de fulcro socrático.
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