sexta-feira, 15 de julho de 2022

“O Autodidata”, pelo Pe. Leonel Franca (em “A Psicologia da Fé”)

Salvo raras exceções, o autodidata não organiza os seus conhecimentos. O seu crescer não é vital; assemelha-se mais ao dos minerais, onde o aumento do volume se faz por simples justaposição de novas partes. As noções, hauridas ao acaso das leituras, conservam a marca da origem e não chegam nunca a fundir-se na unidade coerente de um todo orgânico que se desenvolve por verdadeira assimilação do alimento. Na inteligência assim atulhada, nada foi digerido; não houve germinação espiritual; é a desordem, a incoerência, o caos. Daí a mentalidade própria do sem-mestre, que é, de regra, indócil, teimoso; simplificador de problemas complexos; facilmente convencido de que todos os conhecimentos que ele acaba de adquirir são completamente ignorados pelos outros, como até aí o haviam sido por ele; e sobretudo, bem-aventuradamente satisfeito de si mesmo e de sua autossuficiência, não lhe ocorre a possibilidade da dúvida nem a prudência da interrogação.