terça-feira, 3 de agosto de 2021

Disputa de surdos entre tradicionalistas e conciliares em torno da tese do P. Calderón sobre o magistério conciliar

                                                                                                        Carlos Nougué

Tradicionalista: O magistério conciliar já não usa a linguagem própria do magistério.

Conciliar: O magistério conciliar continua a usar a linguagem própria do magistério.

Tradicionalista: Nenhum papa pode alterar o missal de São Pio V.

Conciliar: Qualquer papa pode alterar o missal de São Pio V.

Ad infinitum.

Mas é nisso que dá envolver-se em disputas teológicas com o costume próprio dos “teólogos” de Facebook: palpitar sem se dar ao trabalho de estudar, de ler, etc. Porque, com efeito, simplesmente não é isso o que diz o Padre Calderón! E o pior: disponibilizei um curso gratuito de 12 aulas, “A Atual Crise na Igreja”, em que, além de meus próprios pontos de vista, exponho exaustivamente os do P. Calderón.

Diz o Padre argentino:

1) O próprio do magistério conciliar é já não falar “em pessoa de Cristo”, mas, humanista e liberal que é, falar “em pessoa do Povo de Deus”, o que está consignado em numerosíssimos documentos conciliares e pós-conciliares. Isto é que é renunciar à autoridade doutrinal. Para tanto, o magistério conciliar criou uma novilíngua, que, como toda novilíngua, utiliza antigos termos com outros sentidos.

2) Agora falo por mim: é claro que qualquer papa pode alterar o missal de São Pio V, e fizeram-no S. Pio X e Pio XII. Mas a missa nova, contra o que quer fazer crer a novilíngua conciliar, absolutamente não é uma alteração do missal de São Pio V: é uma ab-rogação deste e sua substituição por uma missa já não sacrifical, mas memorial e convivial fundada na doutrina herética do “mistério pascal” (sobre a qual voltarei a falar). – Ademais, só posso dizer o que acabo de dizer se considero previamente que, como o magistério conciliar depôs sua autoridade quanto ao objeto primário do magistério da Igreja (o estritamente doutrinal, o dogmático), tampouco tem autoridade com respeito ao objeto secundário do magistério (direito canônico, leis litúrgicas, canonizações, etc.). Mas impôs a missa nova como o faz qualquer autoridade demoliberal: protestando que fala em nome do Povo de Deus, fala em verdade em nome de uma heresia e governa maquiavélica e tiranicamente. Foi o que vimos fazer com respeito à missa tridentina a Paulo VI, João Paulo II, o Cardeal Ratzinger (os dois últimos chegaram a ter certo sentimento de culpa por isso e pela excomunhão de D. Lefebvre e de seus bispos, o que também é assunto para outro artigo), e agora Francisco, sem absolutamente nenhum sentimento de culpa, com seu Motu Proprio.