sábado, 6 de fevereiro de 2021

PELA ENÉSIMA VEZ (OH!), MINHA POSIÇÃO A RESPEITO DO CVII

                                                                                                                         Carlos Nougué

1) Com a hierarquia da Igreja depondo sua própria autoridade doutrinal, o Concílio Vaticano II “simplesmente” fundou uma nova religião: a religião do homem. Por isso, juntamente com seus seguidores, deve ser combatido.

2) Mas dizer que o CVII fundou uma nova religião definitivamente não implica dizer que tenha fundado uma nova Igreja. Baseado na Mystici Corporis de Pio XII e no Concílio Vaticano I, assinalo no livro Do Papa Herético que a doutrina das duas Igrejas sob um só papa padece sérios problemas.

a) O Vaticano I definiu que não só a sucessão petrina se dará ininterruptamente até o fim dos tempos, mas também a sucessão apostólica em geral. Ora, se a nova Igreja conciliar, como a chamam, não é a Igreja Católica, onde estará esta? Nos grupos tradicionalistas? Impossível, justo porque, ainda que como resultado de uma condenação iníqua e pois inválida, os bispos tradicionalistas estão despojados de jurisdição ordinária.

b) Em outras palavras, a doutrina das duas Igrejas é um como ecclesiavacantismo inconsciente. E de nada adianta pôr a esdrúxula figura de um papa para as duas Igrejas, até porque este papa não legisla salomonicamente, senão que é a própria pedra angular da nova religião.

3) Não se pode tentar resolver um problema tão intricado como o CVII e o que ele fundou com uma explicação que “esqueça” o já definido, infalivelmente, pelo magistério. E, com efeito, não só os papas conciliares são papas, mas os bispos conciliares são bispos, e aqueles e estes constituem em conjunto a atual hierarquia da Igreja Católica. Que a nova religião que sustentam seja uma imensa heresia não anula o anterior (conquanto deixe a atual hierarquia da Igreja com “jurisdição precária”, como o mostro em Do Papa Herético). É um câncer, e, como todo câncer, é daquele mesmo que o porta e padece. Ademais, tal câncer não se explica mais perfeitamente se não o identificamos com a apostasia na Igreja, ou seja, com a abominação da desolação instalada no lugar santo predita por Cristo mesmo. Estamos vivendo a sexta-feira da paixão da Igreja (como o explicarei, creio que suficientemente, no Comentário ao Apocalipse).

Observação: tudo quanto acabo de dizer não valida nem invalida esta ou aquela solução prática para o enfrentamento da religião humanista. Este é outro assunto, de ordem justamente prática.