domingo, 7 de junho de 2020

QUAL É A “FORMA MENTIS” DE NOSSA DIREITA?

Carlos Nougué

Como digo sempre, o objetivo de minha Escola Tomista é fazer que o maior número possível de pessoas tenha o tomismo como sua “forma mentis”, como forma de sua mente: ou seja, que passem a pensar como Santo Tomás. Mas qual será a “forma mentis” de nossa direita?
I) Comecemos pelo governo Bolsonaro.
1) Nenhum plano educacional. Sua “política” neste âmbito limita-se a criticar Paulo Freire.
2) Nenhum plano de combate à pandemia. Sua “política” neste âmbito limita-se a vender ou distribuir cloroquina como uma panaceia, enquanto há a previsão, do governo norte-americano, de que em agosto teremos cerca de 5 mil mortes diárias. Mas, para piorar a coisa, Bolsonaro não dota o Ministério da Saúde de um ministro médico; e passa agora a esconder e manipular dados sobre o avanço da pandemia no país. Iguala-se assim à Coreia do Norte, à Venezuela, à Nicarágua, etc.
3) Nenhum plano econômico, nem estatizante nem liberal, nem, muito menos, claro, segundo a doutrina social da Igreja, a única que nos asseguraria um caminho sólido e justo também no econômico.
4) Entregou cerca de 100 bilhões de orçamento ao Centrão, ou seja, à oligarquia da corrupção, mostrando-se nisto exatamente igual aos governos do PT. Necessitava de governabilidade? Fizesse antes de tudo um bom governo.
5) Não resistiu à criminalização da homofobia pelo STF e à permissão pelo mesmo STF do ensino da ideologia de gênero na rede escolar pública. Numerosas manifestações maciças de apoio a Bolsonaro praticamente não tocaram estas questões. Perdeu assim o governo a grande chance de educar o povo quanto ao verdadeiro caráter do matrimônio, etc., além de descumprir descaradamente uma de suas principais bandeiras eleitorais. – Pior: em nome da referida e canhestra governabilidade, desestimulou uma “Lava Toga” que poderia ter sido o início da queda do STF tal como é hoje.
6) Ou seja, tem um só objetivo: vencer as eleições de 2022. Mas não conseguirá senão a mais acachapante derrota; e será culpado da volta da esquerda ao poder, provavelmente uma esquerda sorosiana e marcusiana.
II) E o que dizer do principal ideólogo da direita, OdC? Que, depois de afirmar, no início de 2019, que era o verdadeiro poder por trás do governo, hoje, sentindo próximo o naufrágio, rompe com Bolsonaro entre obscenidades e ofensas ao presidente: prepara assim a audiência para quando abandonar o barco. Mas logo depois diz que “ainda” está com Bolsonaro: é seu velho método de estimulação contraditória. – E, se por quase duas décadas conseguiu travestir-se de filósofo, agora está nu: é um mero mexeriqueiro político – e boca-suja.
III) E seus seguidores? Além de ofenderem os que, não sendo OdC, criticam o governo ou o próprio OdC, são como birutas de aeroporto: voltam-se para onde os empurra o vento.
Ou seja, a “forma mentis” de nossa direita é clara: a demência (como disse tão espirituosamente Alessandro Lins de Albuquerque, trata-se de "forma dementis"...) – e demência suicida. À beira do abismo, os nossos direitistas não retrocedem, mas dão outro passo à frente. E, entre os que o fazem, infelizmente estão muitos católicos.