sexta-feira, 15 de julho de 2016

A Igreja e a escravidão ao longo do tempo

• Tanto na Roma antiga como em Atenas, a imensa maioria da população era constituída de escravos. Durante toda a sua história, o islã praticou o tráfico maciço de escravos. Na Europa, ressurge a escravidão quando no fim da Idade Média o espírito cristão se enfraquece.
Mas declarara São Paulo: “Já não há livre nem escravo”. A partir desse momento, sem revolução nem agitações, a caridade cristã começou a dissolver a escravidão. Os cristãos libertaram seus escravos. Na França, a rainha Santa Bathilde (626-680) consagrou a interdição da escravidão.
Lentamente mas seguramente, com efeito, a Igreja fez que se abolisse a escravidão, não porém revoltando ou sublevando os escravos, mas dando o espírito cristão a seus senhores. Ecoavam outras palavras de São Paulo: “Não os trateis com ameaças, sabendo que tendes uns e outros no céu um mestre comum, diante do qual não há acepção de pessoa”.
Hermes, então, prefeito de Roma sob Trajano, libertou seus 1.250 escravos no dia de seu batismo. Santo Ovídio libertou 5.000 escravos, Santa Melânia 8.000, etc.  
O Papa São Símaco († 514) resgatou e libertou os escravos da Ligúria. Do mesmo modo, São Gregório Magno († 604) e São Zacarias († 752) pagaram o resgate de escravos até na África.
• Durante esse tempo, milhões de cristãos foram reduzidos à escravidão pelos muçulmanos de Argel, de Túnis, etc. Os religiosos Trinitários (fundados em 1198 por São João de Matha) e os religiosos Mercedários (fundados em 1218 por São Pedro Nolasco) dedicaram-se a libertá-los.
• São Pedro Pascal (bispo de Jaén) entregou todos os seus bens e depois sua própria pessoa para resgatar os cativos dos turcos. Fiéis pagaram seu resgate, mas ele preferiu empregá-lo na libertação das mulheres e das crianças, e morreu cativo em 1300.
• Em pleno Renascimento do espírito pagão (século XV e XVI), os papas Paulo III (20 de maio de 1537) e Urbano VIII (22 de abril de 1639) opuseram-se firmemente à escravidão dos ameríndios.
• Muitos papas condenaram igualmente o tráfico dos negros: Eugênio IV (13 de janeiro de 1435), Pio II (7 de outubro de 1462), Paulo III (2 de junho de 1537), Inocêncio XI (1683), Pio VII (1815), etc.
• Numerosos padres ajudaram os escravos negros, notadamente São Pedro Claver (†1654), que acrescentou a seus votos religiosos o de consagrar sua vida inteira ao serviço dos escravos, e não hesitou em assinar: “Pedro Claver, escravo dos negros para sempre”.