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quarta-feira, 20 de maio de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
A capa de meu novo e quinto livro
Eis
a capa de meu novo e quinto livro (608 páginas), que será disponibilizado
gratuitamente (no formato de PDF e no de ePub) até a sexta-feira próxima. Para
poder baixá-lo, será necessário apenas preencher um brevíssimo formulário (nome
e e-mail, creio). É um presente de quarentena.
sábado, 25 de abril de 2020
ANTES COM A VERDADE DO QUE MAL ACOMPANHADO
Carlos Nougué
Há uma movimentação entre católicos
(incluindo tradicionalistas, uma vergonha) para que o substituto de Moro seja
um católico. Ah! de fato devemos estar no fim dos tempos... Como um católico
vai compor um governo junto com maçons, liberais, gnósticos? Uma coisa é julgar
que dado governo dessa estirpe seja um mal menor que outro. Outra coisa é
participar dele – o que implica anuência, concordância programática. Um mal
menor não deixa de ser um mal. Podemos votar nele, assim como se amputa uma mão
gangrenada para salvar o corpo. Mas não podemos aderir à gangrena! Um governo
que não se ponha sob a realeza de Cristo é um cadáver de governo, por efeito do
mesmo pecado original. Pode até fazer algumas coisas boas – o que até agora,
ademais, o governo Bolsonaro quase não fez: especializou-se em trapalhadas e
arrogância –, e podemos nós apoiar tais coisas. Mas a autoridade ou se funda na
verdade (como aliás o próprio étimo da palavra o indica) ou terá o que chamo
jurisdição precária. E a verdade é Cristo mesmo, que disse: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, tanto, digo, para os indivíduos como para as sociedades. Como
dizia o Cardeal Pie de Poitiers, “para os povos como para os indivíduos, para
as sociedades modernas como para as sociedades antigas, para as repúblicas como
para as monarquias, não há sob o céu outro nome dado aos homens em que eles
possam ser salvos além do nome de Jesus Cristo”. Portanto, católicos, sejamos
católicos e andemos de braço dado com a Verdade, ainda que sós.
Observação: e não me venham falar da
ameaça de volta da esquerda. Se isto acontecer, terá sido culpa unicamente de
uma direita dirigida por um aloprado (do qual falarei num próximo artigo).
Ademais, creem mesmo que um ministro da Justiça católico vai salvar o governo
Bolsonaro do naufrágio? Assim será: se tal católico se fizer ministro, afundará
junto com esse governo inepto, que foi incapaz até agora até de lutar
frontalmente contra a ideologia de gênero (talvez a bandeira principal da
campanha de Bolsonaro). Deixemos de hipocrisia – ou de estupidez.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
domingo, 5 de abril de 2020
JEJUM AOS DOMINGOS?
Carlos
Nougué
1) Antes de tudo, sugiro-lhes, católicos, que não se deixem
levar por discussões com respeito às quais não tenham certeza advinda do
magistério da Igreja. Nesta Quaresma, há muito mais que fazer.
2) S. Agostinho punha-se contra o jejum aos domingos (e não só
contra o jejum, mas contra orar de joelhos! coisa que todos hoje fazemos): “Jejuar
em dia de domingo é grande escândalo”, escreve, em 396, a Casulano (Carta 36,
27).
3) Mas S. Tomás admitia o
jejum aos domingos, como se lê em seu sermão sobre os Dez Mandamentos: nestes
dias, diz ele, “secundo corpus nostrum affligere, et hoc ieiunando: Rom. XII,
1: obsecro vos per misericordiam Dei, ut exhibeatis membra vestra hostiam
viventem Deo, sanctam”.
4) A divergência quanto a
isto entre os dois maiores doutores da Igreja indica uma divisão mais vasta,
entre os cristãos em geral, ao menos até o século XIII.
5) O Concílio de Braga,
no século VI, decretara: “If anyone does not truly honor the birthday of Christ
according to the flesh, but pretends that he honors (it), fasting on the very
day and on the Lord’s Day, because, like Cerdon, Marcion, Manichaeus, and
Priscillian, he does not believe that Christ was born in the nature of man, let
him be anathema”. Ou seja, anátema seja ao que fizer jejum aos domingos com
intenção não reta, ou seja, com a intenção dos hereges Marcião, Prisciliano,
maniqueus, etc., descrita no texto. Mas não se proíbe o jejum aos domingos.
6) Por fim, o cânon 1252,
parágrafo 4, do Código Canônico de 1917 (muito mais rigoroso que o do pós-CVII)
reza: “Cessa a lei da abstinência, ou da abstinência e do jejum, ou do jejum
só, nos domingos ou festas de preceito, excetuadas as festas que caiam na
Quaresma [...]; cessa também a dita lei no Sábado Santo depois do meio-dia”. Ou
seja, cessa nesses dias a lei que OBRIGA o jejum e/ou a abstinência, mas NÃO SE
PROÍBEM estes.
7) Em outras palavras,
não é pecado jejuar nos domingos em geral, com o que se reduz a disputa sobre a
matéria a uma questão de conveniência segundo costumes locais ou pendores
individuais.
8) Mas pergunto: quem é
Bolsonaro para dirigir-me religiosamente em qualquer ato? Pecador público até
agora impenitente (que mude!), nem de longe tem autoridade religiosa sobre mim
nem sobre nenhum católico. Os “católicos” que dizem que ele a tem são da seita
direitista bolsonaro-olavética (ela mesma herética). Ademais, tenho certeza de
que nossos sacrifícios, jejuns e abstinências durante toda esta tão especial
Quaresma, marcada pela pandemia, já são de nossa parte oferecimento bastante a
Deus pelos pecados públicos que O levaram a infligir-nos este duro flagelo.
quinta-feira, 2 de abril de 2020
SANTO TOMÁS DE AQUINO: "MEU DEUS, NÃO TE ESQUEÇAS DE MIM" -- ORAÇÃO
[Tradução: Gederson Falcometa]
Meu Deus, não te esqueças de mim,
quando eu me esqueço de ti.
Não me abandones, Senhor,
quando eu te abandono.
Não te distancies de mim,
quando eu me distancio de ti.
Chama-me se fujo de ti,
seduz-me se te resisto,
levanta-me se caio.
Dá-me, Senhor, Deus meu,
um coração vigilante
que nenhum vão pensamento leve para longe de ti,
um coração reto
que nenhuma intenção perversa possa desviar,
um coração firme
que resista com coragem a toda adversidade,
um coração livre
que nenhuma paixão torpe possa vencer.
Concede-me, peço-te, uma vontade que te busque,
uma sabedoria que te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que te espere com confiança,
e uma confiança que ao fim chegue a possuir-te.
[Amém.]
quando eu me esqueço de ti.
Não me abandones, Senhor,
quando eu te abandono.
Não te distancies de mim,
quando eu me distancio de ti.
Chama-me se fujo de ti,
seduz-me se te resisto,
levanta-me se caio.
Dá-me, Senhor, Deus meu,
um coração vigilante
que nenhum vão pensamento leve para longe de ti,
um coração reto
que nenhuma intenção perversa possa desviar,
um coração firme
que resista com coragem a toda adversidade,
um coração livre
que nenhuma paixão torpe possa vencer.
Concede-me, peço-te, uma vontade que te busque,
uma sabedoria que te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que te espere com confiança,
e uma confiança que ao fim chegue a possuir-te.
[Amém.]
quinta-feira, 12 de março de 2020
ADEUS A UMA ILUSÃO – MEU ROMPIMENTO FORMAL COM O CENTRO DOM BOSCO E COM A LIGA CRISTO REI
Carlos Nougué
Nota prévia 1. Peço-lhes desde já
imenso perdão pela extensão e pela aridez das linhas que se seguirão. Como
porém todo o caso que culmina na decisão minha que se lê no título deste texto
envolve muita desinformação, duplicidade e inverdade, e como nos últimos três
anos minha atividade católica pública esteve muito identificada com o CDB e com
a LCR, vejo-me obrigado a escrevê-las assim. Mas tentarei que seja minha última
palavra sobre o assunto. Quero virar esta página definitivamente, e só voltarei
ao tema se se disserem falsidades graves acerca de mim. Não se pense que me
tenho em alta conta; meu ofício não é ter razão, e sou um pecador como outro qualquer.
Mas tenho coisas que defender: um magistério tomista, uma produção livresca
filosófica, e antes de tudo uma família, onde meu filho de 15 anos jamais verá
seu pai encolher-se como uma donzela diante de nenhuma cara feia – nem, muito
menos, de hereges.
Nota prévia 2. O que relatarei
aqui tem muita semelhança com algo que vivi entre 2009 e 2011. Não vou tocar este
caso neste texto, e não o farei nunca se deixarem de aguilhoar-me com
indiretas. Se todavia continuarem a fazê-lo, ver-se-á perfilar por minhas
palavras uma figura horrenda, mesclada de inveja, de traição e de covardia.
1) Converti-me aos 49 anos (tenho
hoje 68) após uma vida de ateísmo e de revolução; e converti-me já em ambiente
tradicionalista. A partir de certa altura, ademais, passei a fazer parte do
movimento tradicionalista conhecido por Resistência.
2) Há cerca de três anos e meio, no
entanto (e perdoem-me qualquer imprecisão cronológica), conheci o CDB e afastei-me da Resistência (sem animosidade, creio) porque ela não via nos rapazes do
CDB o que eu julgava ver: no bojo da crise deflagrada na Igreja pelo
pontificado de Francisco, a evolução desses rapazes para a doutrina da realeza
de Cristo e para um conhecimento cada vez maior das raízes dessa mesma crise.
De início, é verdade, deparei com um clima muito influído pelo olavismo, além,
é claro, de uma mistura indigesta de correntes católicas não raro antagônicas.
Mas como não ter esperanças, se, semanas depois de uma queda de braços com um
jovem astrólogo (por sinal, um jovem de ouro), veio agradecer-me ele: tinha até
confessado a um padre o pecado da astrologia? Como não tê-la, se se formava a
Liga Cristo Rei, se se começava a defender aí o estado católico, se me deixavam
campo aberto para tratar a crise da Igreja, se progressivamente mais e mais
jovens aderiam ao rito tridentino, etc.? Nunca, em nenhum momento, nem nas
aulas no CDB nem nas palestras dos fóruns da LCR, eu deixei jamais de expor a
mesma doutrina que sempre expus desde minha conversão. – Além disso,
afeiçoei-me a alguns rapazes como a filhos, além de que, já gravemente doente
há três anos e meio, sempre recebi generosa e caridosa ajuda deles e do CDB em
geral (por exemplo, o CDB arcou com todas as despesas do funeral de minha irmã,
após o qual eu teria a primeira de cinco internações no ano passado). A gratidão
que lhes tenho irá comigo após a morte como vincos na alma.
3) Mas eis que há uns dois anos
minha esperança cambaleou pela primeira vez. Um dos principais dirigentes do
CDB me escreveu um dia: “Professor, acho que devemos parar de falar um pouco do
estado cristão. O Olavo vai reagir, etc., etc.” Eu, na hora, meio atordoado,
disse que sim. Mas exatamente na manhã seguinte lhe escrevi: “Se quiserem vocês
parar de falar do estado cristão, façam-no. Eu continuarei a fazê-lo, e que me
ataque Olavo”. – Foi por então que percebi a grande influência que Antônio
Donato, o responsável pelo grupo Anistia (que coordena, ao que parece, a
resistência nacional ao aborto, etc.), exercia sobre alguns dos principais
membros do CDB. Ora, já escrevi no FB que por seu livro A Educação segundo a
Filosofia Perene não se pode ver em Donato um gnóstico ou perenialista; mas
deve ver-se, sim, um modernista conservador, o que se pode provar sobretudo
pelo capítulo de seu livro atinente à política: puro Jacques Maritain, o corruptor
do tomismo no século XX. Como quer que seja, contudo, é inegável que do Anistia
fazem parte muitos e não desprezíveis olavetes, e que a postura geral do
Anistia com respeito a Olavo de Carvalho e sua seita é pelo menos de cordialidade.
As coisas começavam a juntar-se em minha mente, e não faltava confirmação por
parte de algumas pessoas. Como porém algum tempo depois o CDB voltou a falar em
estado cristão, minha beata e beócia ingenuidade fez-me cegar outra vez.
4) Mergulhei mais e mais no CDB e
na LCR, que passaram a ser o centro de minha vida católica pública. Sucede no
entanto que no primeiro semestre do ano passado me chegou ao conhecimento que o
ministro Ernesto Araújo, gnóstico perenialista assumido, palestraria no III
Fórum da LCR. Opus-me (com outros), mas a resposta da parte do CDB era sempre a
mesma: Nossos mestres (Antônio Donato, Leonardo Penitente, Dom Justino...), além
de personalidades como o Dr. Ricardo Dip e Miguel Ayuso, não veem óbice nenhum na
participação do ministro. Disse então ao CDB que não palestraria eu no Fórum. Após
porém muitos e-mails, telefonemas e reuniões, acabei por ceder, até porque se
me fez a promessa de que eu poderia palestrar imediatamente após o ministro e
dizer, pois, o que eu quisesse acerca do perenialismo, etc. Quis a fortuna que
o ministro não pudesse comparecer ao encontro.
5) No III Fórum da Liga Cristo Rei,
minha ingenuidade beata e beócia cegou-me ainda mais. Realmente, afigurava-se-me
que a Liga como um todo progredia firmemente para posições católicas
tradicionais e consequentes. Lembre-se, aliás, que pouco antes do Fórum pude
gravar para o CDB a primeira aula da série “Raízes da Crise na Santa Igreja”,
na qual resumi a doutrina de meu livro Do Papa Herético (cf. https://www.youtube.com/watch?v=M1fGx3uJhfw&t=202s).
– Quanto a OdC, desde 2011, depois de desafiá-lo a um debate para desagravar a
honra de um amigo (desafio de que ele correu em meio a mentiras e xingamentos),
eu houvera por bem criticar sempre suas heresias gnóstico-modernistas sem todavia
citá-lo nominalmente (estando sempre preparado, no entanto, para o confronto
público se ele me atacasse nominalmente), e acreditei ver no CDB a
mesma política. Eis no entanto que há poucos meses descobri, tristemente, que
não era esta a política do CDB, mas a de não entrar nunca em confronto com OdC.
Em verdade, descobri que eu não era mais que uma fachada tradicionalista para o
CDB e a LCR, capaz de atrair muita gente, desde porém que não se tocasse o
ninho de vespas das relações cordiais entre CDB-LCR, Anistia e OdC.
6) Para que se veja a justeza do
que digo, sou forçado a dar a cronologia dos eventos que me fizeram cair enfim
as escamas dos olhos.
a) Há uns meses, o Padre Sérgio
Muniz e dois importantes dirigentes do CDB começaram a criticar Italo Marsili
pelo tratamento prostibular que aplicara a um suposto paciente seu pedófilo. Nunca
entendi muito bem por que os três passaram a criticá-lo publicamente e tão
duramente, porque, pensava, OdC muito provavelmente reagirá em defesa de
Italo. Continuo sem entendê-lo.
b) A reação do sofista psiquiátrico
foi dura, bem ao estilo da seita olavética, e vi os três que haviam começado a
criticá-lo esmorecer. Era uma humilhação. Entrei na briga com Italo para defender
os três e o CDB. Travou-se então este diálogo escrito entre um desses dois dirigentes
do CDB e mim:
Eu: “Mas exatamente por isto é que tomei a frente
da coisa: para aliviar o CDB. Fique tranquilo. Sou casca-grossa, velho
comuna... Um abraço grato e saudoso”.
Ele: “kkkk. o sr estará em
nossa história, mestre”.
Pouco depois, o outro
dirigente do CDB escreveu num comentário de meu perfil do FB: “O senhor está
nos mostrando o que é a verdadeira testosterona (a católica)”.
c) Mas eis que uns
seguidores de Italo e de OdC começaram a detratar-me, pasmem! pelo fato de eu
ter cuidado durante um ano de uma cadela de OdC!... (Eu fora editor de OdC durante dois anos antes de minha conversão.) Não me fiz rogar: escrevi
um post no FB chamando-os “um imbecil coletivo”. – Hoje, os dirigentes do CDB
dizem que com este post fui eu quem começou a briga com OdC; que o provoquei eu.
Certamente quereriam que eu pusesse o rabo entre as pernas como eles têm feito
diante de fundas humilhações públicas que OdC, Italo Marsili, Silvio Grimaldo, Mauro Ventura et
caterva lhes vêm infligindo (não as mostro aqui; mas, se o negarem, fá-lo-ei
em outra publicação). Ademais, ainda que tenha sido esta a razão do que se verá
a seguir, que erro ou pecado há em criticar um herege e gnóstico? Ou talvez o haja,
segundo as cordiais relações entre CDB-LCR, Anistia e OdC...
d) Como era de
esperar, OdC passou a atacar-me – e eu a reagir. Não me é preciso recapitular
os muitos passos desta contenda. Mas devo mostrar, ainda, os dois últimos diálogos
entre mim e o mesmo dirigente do CDB que dissera que eu entraria para a
história deste. O primeiro:
Ele: “Mestre. Avalia
se é necessário estender essa briga [com OdC]. Pense mais um pouco”.
Eu: “É guerra, meu amigo, sem passo atrás. Não sou cão
para pôr o rabo entre as pernas. Ele é que começou. Agora vou com tudo. E quem
quiser apoiar-me que o faça. Quem não quiser que não o faça. Já me acostumei
com os XXXs da vida. Acho que vou mostrar a meu filho um ato de covardia? Quer
que ele veja seu pai enxovalhado sem reagir? Por favor, XXX. Repense-o você”.
[Note-se que eu não disse que o CDB e a Liga não
precisavam apoiar-me, como querem seus dirigentes vender agora ao público. Acho
que aprenderam bem de OdC o uso da estimulação contraditória.]
Ele: “Está bem. Desculpa”.
O segundo diálogo
deu-se depois de o mesmo dirigente do CDB, justamente um dos que começara a guerra
com Italo, ter dito que a guerra que então se travava era um show de
vaidades. Perguntei-lhe:
“Você me inclui no show de vaidades?”
Respondeu-me:
“Eu não acompanhei
seus posts. [...] Eu caí diversas vezes em vaidade. Não quero pagar esse preço
no tribunal divino”.
Quem sabe um dia Deus
me dará a graça de entender isto? Enquanto isso, porém, prossigamos.
e) Depois, passei a
sofrer ataques de dupla frente: OdC e seus sequazes, por um lado, e CDB-LCR,
por outro. Para a maioria dos dirigentes destes, o que eu estava fazendo, ao
enfrentar o herege OdC, era imprudente! “Primeiro precisamos ser fortes para
depois enfrentá-lo”, diziam e dizem; é como se os primeiros cristãos dissessem:
“Primeiro precisamos ser fortes para depois enfrentar os judeus”. Creio que
Santo Estêvão não o aprovaria. Mas o pior ainda estava por vir: alguns
dirigentes do CDB-LCR passaram a dizer que não estavam preparados ainda para o
confronto, e que seria preciso primeiro estudar bem o perenialismo para enfim
lançar-se a criticar OdC. Haja sofisma, ou melhor, haja covardia travestida de
sofisma! Se alguém, como OdC, diz – como de fato o faz –
que a religião é um “conto de fadas”, de que precisa mais um católico para
afastar-se dele? Se esse mesmo OdC diz – como de fato o faz – que Cristo não
veio trazer-nos nenhuma doutrina (nem moral!), de que precisa mais um católico
para denunciá-lo? Nem de meditação, nem de estudo, nem de conselho. Mas parece
que pelas veias de muitos líderes católicos atuais corre sangue de barata.
f) Estou para terminar este texto, tão aborrecido para mim como
certamente para todos. Mas antes preciso ainda tecer algumas considerações.
a) Não vou parar a luta contra OdC e sua seita gnóstica
disfarçada de católica. Mas o vou fazer sobretudo em livros, etc. Quero vê-los
refutar-me. Vou sair do terreno deles, ou seja, o das futricas de FB, e forçá-los
a lutar em terreno onde são de todo ineptos: o da fé, o da doutrina, o da
verdadeira filosofia. Chutar comunista morto é fácil. Venham arrostar-me a mim.
b) Rompo formalmente
toda e qualquer relação, incluindo a editorial, com o CDB-LCR. Isto me afetará
financeiramente; perco público comprador de livros. Mas não vou agir como eles,
que, como me disse alguém indignado, agem assim “porque não querem perder os
contatos” – o grand monde do
conservadorismo donatista-olavético. – Como porém não sou sectário,
sempre que o CDB e a LCR fizerem algo de efetivamente bom pelo catolicismo, ou
lançarem um livro de real importância, divulgá-lo-ei sem nenhuma hesitação.
c) Por fim, acusei-me
mais acima duas vezes de “ingenuidade beata e beócia”. Mas devo ser tão duro
comigo? Em parte sim, mas em parte não: porque a Liga Cristo Rei não é composta
somente de timoratos. É com um coração vibrante que vejo quatro centros da LCR
enfrentar virilmente, com toda a hombridade, não só a seita nefasta de OdC, mas
os restantes centros da mesma Liga. São eles: o Centro São Pedro de Verona (Maceió),
o Instituto Leão Magno (São Paulo), o Instituto Jackson de Figueiredo (Aracaju)
e o Centro Cultural Ávila (Belém). Que prossigam, ainda que minoritariamente.
d) Mas não os lidero,
nem os vou liderar, apesar das falsas acusações de que são dirigidos por mim (é
que quem só sabe viver sob o tacão de um guru não consegue imaginar outra coisa).
Meu ato de rompimento é solitário. Já vai longe o tempo de minha estada nesta
terra. Peço a Deus que me deixe completar a educação de meu filho, a gravação
das 250 aulas da Escola Tomista, e os muitos livros que estou escrevendo
(alguns com atraso por causa de meu péssimo estado de saúde, pelo que, aliás,
peço outra vez desculpas). Mas o fato é que vivo hoje numa bolha; já nem posso
sair de casa; e não é difícil de imaginar que me encontro em constante preparação para
a morte. Não posso pois dar-me agora ao luxo de fazer o que nunca quis:
liderar nada. Os referidos quatro centros têm todo o meu apoio; mas deles não
espero senão que continuem viris.
Que tudo seja para
maior glória de Deus – e viva Cristo Rei!
P.S.: Não poderia deixar de agradecer aqui, penhoradamente, o apoio que sempre me prestou a Sociedade da Santíssima Virgem Maria, de Montes Claros (MG); e, para fazê-lo, nada melhor que repetir uma vez mais seu brado: Maria sempre!
P.S.: Não poderia deixar de agradecer aqui, penhoradamente, o apoio que sempre me prestou a Sociedade da Santíssima Virgem Maria, de Montes Claros (MG); e, para fazê-lo, nada melhor que repetir uma vez mais seu brado: Maria sempre!
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
A MARAVILHOSA DEMONSTRAÇÃO TOMISTA DA IMORTALIDADE DA ALMA HUMANA
Na Suma
contra os Gentios, S. Tomás, argumentando contra os filósofos (Alexandre de
Afrodísias, Avicena, Averróis...) que da necessidade das verdades eternas
chegavam a uma suposta eternidade (e unicidade) do próprio intelecto humano,
escreve: “Por isso não se pode concluir que a alma seja eterna, mas tão somente
que as verdades que o intelecto conhece se fundam em algo eterno. Fundam-se,
com efeito, na mesma verdade primeira como
causa universal que contém toda a verdade”. Mas daí mesmo decorre o argumento
metafísico para a imortalidade da alma humana, que tende para Deus, a primeira
verdade, como para seu fim último: “Com respeito a este eterno, a alma humana
não está como substância para a forma, mas como coisa para o próprio fim: a
verdade é efetivamente o bem e o fim do intelecto. Mas do fim podemos arguir a
duração da coisa, assim como de seu início podemos arguir a causa agente: com
efeito, o que está ordenado a um fim eterno há de ser capaz de duração
perpétua. Por isso, da eternidade das verdades inteligíveis pode provar-se a
imortalidade da alma, ainda que não sua eternidade” (II, 84 praeterea).
Esta é
só mais uma mostra da superioridade do tomismo sobre todas as demais doutrinas.
Todas, diante dele, se mostram minúsculas, enquanto todos os que se negam a
aceitá-lo se mostram ou soberbos ou dotados de poucas luzes. Não por nada,
portanto, o magistério da Igreja fez sua também a metafísica tomista
(especialmente mediante as 24 Teses): inspirou-o também nisto o próprio
Espírito Santo.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
O PERENIALISMO E A EXISTÊNCIA DE DEUS
Carlos
Nougué
1) Diga-se antes de tudo
que para o perenialismo, como para ao menos boa parte das seitas gnósticas, o
Deus criador (ou, segundo sua terminologia, o Demiurgo) não é a divindade
máxima; é-o o Não Manifestado (cf. Frithjof Schuon, “A Unidade Transcendente das
Religiões”).
2) Naturalmente, não se espere coerência lógica de tão perversa
doutrina. E, com efeito, dizem os perenialistas que não há prova racional da
existência de Deus, e que não o conhecemos (ou seja, os iluminados gnósticos)
senão por experiência direta. Então não raro não deixam claro se estão falando
do Demiurgo ou do Não Manifestado. Como quer que seja, porém, cometem com tal
“experiência direta” uma heresia condenada várias vezes pelo magistério da
Igreja (Vaticano I, 24 Teses Tomistas, etc.).
3) Como todavia querem passar-se por católicos, diante das
definições do magistério da Igreja segundo as quais pode demonstrar-se a
existência de Deus os perenialistas recorrem às suas "refinadas"
artes de berliques e berloques: afirmam que o magistério só disse que se pode
demonstrar a existência de Deus, não que já foi demonstrada. É de indignar a
desfaçatez. Não só o Vaticano I se funda, em sua definição, em palavras de São
Paulo que são como uma prova da existência de Deus ainda que não em forma de silogismo
(cf. Carlos Nougué, “Defesa da Terceira Via de Santo Tomás”: https://www.estudostomistas.com.br/…/defesa-da-terceira-via…),
como Bento XV aprovou entre as 24 Teses Tomistas justamente as vias de S. Tomás
para demonstrar a existência de Deus.
4) Por fim, titânicos e prometeicos como são, os perenialistas
recorrem a uma sorte de kantismo para negar as demonstrações da existência de
Deus. Mas já refutei cabalmente a crítica kantiana destas demonstrações (cf.
“Crítica da crítica kantiana das provas da existência de Deus”: https://www.estudostomistas.com.br/search?q=kantiana).
Observação: para quem queira conhecer a posição estritamente
tomista sobre a existência de Deus e a criação do mundo, posição sobre a qual
se funda o magistério da Igreja, indico aqui esta palestra minha: https://youtu.be/2FdmSU-qcXw.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Análise do artigo de Olavo de Carvalho publicado na revista Verbum, números 1 e 2, julho e novembro de 2016
Reverendo Pe. Joaquim FBMV
1.
O que o autor diz.
O autor é bastante descritivo e, por vezes, intercala o pensamento de
outros autores com o seu, de modo que nem sempre é fácil discernir se está de
acordo ou não. Sendo assim, procuraremos ser descritivos e literais nesta
primeira parte para, ao procedermos à crítica na segunda parte, só atribuir a
ele o que realmente exprimiu como seu.
O professor Olavo de Carvalho começa alinhando-se com a distinção entre
os dois universalismos, considerados high e low brow:
“O esclarecimento é este: Não se deve
confundir o “universalismo” paródico da Nova Era e da URI com o universalismo
high brow da escola dita ‘tradicionalista” ou “perenialista” inspirada em René
Guénon, Frithjof Schuon, Ananda K. Coomaraswamy e seus continuadores.
É verdade. São muito
diferentes.” (Parte 1, pág. 33)
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
A "PASCENDI" DE SÃO PIO X
CARTA
ENCÍCLICA
PASCENDI DOMINICI GREGIS
DO SUMO PONTÍFICE
PIO X
AOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS, BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS EM PAZ
E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
PASCENDI DOMINICI GREGIS
DO SUMO PONTÍFICE
PIO X
AOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS, BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS EM PAZ
E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE
AS DOUTRINAS MODERNISTAS
AS DOUTRINAS MODERNISTAS
Veneráveis Irmãos,
saúde e bênção apostólica
saúde e bênção apostólica
INTRODUÇÃO
A missão, que nos foi
divinamente confiada, de apascentar o rebanho do Senhor, entre os principais
deveres impostos por Cristo, conta o de guardar com todo o desvelo o depósito
da fé transmitida aos Santos, repudiando as profanas novidades de palavras e as
oposições de uma ciência enganadora. E, na verdade, esta providência do Supremo
Pastor foi em todo o tempo necessária à Igreja Católica; porquanto, devido ao
inimigo do gênero humano nunca faltaram homens de perverso dizer (At 20,30),
vaníloquos e sedutores (Tit 1,10), que caídos eles em
erro arrastam os mais ao erro (2 Tim 3,13). Contudo, há mister
confessar que nestes últimos tempos cresceu sobremaneira o número dos inimigos
da Cruz de Cristo, os quais, com artifícios de todo ardilosos, se esforçam por
baldar a virtude vivificante da Igreja e solapar pelos alicerces, se dado lhes
fosse, o mesmo reino de Jesus Cristo. Por isto já não Nos é lícito calar para
não parecer faltarmos ao Nosso santíssimo dever, e para que se Nos não acuse de
descuido de nossa obrigação, a benignidade de que, na esperança de melhores
disposições, até agora usamos.
E o que exige que sem
demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser
procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear,
se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos
quanto menos percebidos.
Aludimos, Veneráveis
Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para
lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem nenhum sólido
conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das teorias
envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o comedimento,
de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram
sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem sequer a
mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira
de um puro e simples homem.
Pasmem, embora homens
de tal casta, que Nós os ponhamos no número dos inimigos da Igreja; não poderá
porém, pasmar com razão quem quer que, postas de lado as intenções de que só
Deus é juiz, se aplique a examinar as doutrinas e o modo de falar e de agir de
que lançam eles mão. Não se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como
os mais perigosos inimigos da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já
fora, mas dentro da Igreja, tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é
por assim dizer nas próprias veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto
mais ruinoso quanto mais intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as
ramagens e os brotos, mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras
mais vitais, é que meneiam eles o machado.
Batida pois esta raiz
da imortalidade, continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que
coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem
contaminar. E ainda vão mais longe; pois pondo em obra o sem número de seus
maléficos ardis, não há quem os vença em manhas e astúcias: porquanto,
fazem promiscuamente o papel ora de racionalistas, ora de católicos, e isto com
tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer incauto; e sendo
ousados como os que mais o são, não há conseqüências de que se amedrontem e que
não aceitem com obstinação e sem escrúpulos. Acrescente-se-lhes ainda, coisa
aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável, uma assídua
e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes, a fama de
uma vida austera. Finalmente, e é isto o que faz desvanecer toda esperança de
cura, pelas suas mesmas doutrinas são formadas numa escola de desprezo a toda
autoridade e a todo freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se
de que é amor de verdade o que não passa de soberba e obstinação. Na verdade,
por algum tempo esperamos reconduzi-los a melhores sentimentos e, para este
fim, a princípio os tratamos com brandura, em seguida com severidade e,
finalmente, bem a contragosto, servimo-nos de penas públicas.
Mas vós bem sabeis,
Veneráveis Irmãos, como tudo foi debalde; pareceram por momento curvar a
fronte, para depois reerguê-la com maior altivez. Poderíamos talvez ainda
deixar isto desapercebido se tratasse somente deles; trata-se porém das
garantias do nome católico.
Há, pois, mister
quebrar o silêncio, que ora seria culpável, para tornar bem conhecidas à Igreja
esses homens tão mal disfarçados.
E visto que os
modernistas (tal é o nome com que vulgarmente e com razão são chamados) com
astuciosíssimo engano costumam apresentar suas doutrinas não coordenadas e
juntas como um todo, mas dispersas e como separadas umas das outras, afim de
serem tidos por duvidosos e incertos, ao passo que de fato estão firmes e
constantes, convém, Veneráveis Irmãos, primeiro exibirmos aqui as mesmas
doutrinas em um só quadro, e mostrar-lhes o nexo com que formam entre si um só
corpo, para depois indagarmos as causas dos erros e prescrevermos os remédios
para debelar-lhes os efeitos perniciosos.
domingo, 2 de fevereiro de 2020
A ESTIMULAÇÃO CONTRADITÓRIA TAL COMO USADA PELOS DEFENSORES DA FALÁCIA DO PROSTÍBULO – OU A SORDIDEZ DA “VERDADE” DE CIRCUNSTÂNCIA
Carlos Nougué
Nota prévia: tentarei ser o mais sucinto
possível aqui; mas é impossível tratar este grave assunto em poucas palavras.
O “psicólogo” comunista Ivan Pavlov (1849-1936) mostrou, com acerto,
que a estimulação contraditória é o modo mais rápido e eficaz de romper as
defesas psicológicas de uma pessoa ou de uma porção de pessoas, reduzindo-as a
um estado de credulidade beata em que aceitarão como naturais as ordens mais
absurdas e como verdadeiras as opiniões mais contraditórias. E isto sempre
foi atribuído pela direita, com acerto também, à esquerda. Mas eis que os
direitistas ou conservadores que defendem a falácia do prostíbulo também se têm
mostrado habilíssimos nessa “arte”.
1) Antes de tudo, os que operam a
estimulação contraditória devem ser previamente respeitados por tais pessoas
reduzidas a uma credulidade beata. Como chegam a ter tal respeito, aí está o
que varia segundo o caso. O que importa é que, contando com tal respeito não
raro intelectual, esses operadores podem anular a capacidade crítica de seus
seguidores dizendo-lhes constantemente as “verdades” mais contraditórias entre
si, com o que, insista-se, esses seguidores são capazes até de “atirar-se num
abismo” por mandato de seus operadores. Ou seja, são tão incapazes de discernir
as contradições em que creem quanto são capazes de servir a seus operadores como
soldados disciplinados e denodados. Vejamos como isto se vem dando no caso
concreto da falácia do prostíbulo.
2) Antes de tudo, descreva-se a falácia do prostíbulo. Com efeito, dizem por aí que estimular um pedófilo a
ir a um prostíbulo é análogo à pena de morte: um mal menor. Sofisma dos mais
grosseiros. Um juiz que condena um criminoso à morte não induz ninguém a pecar;
enquanto alguém – incluindo qualquer psicoterapeuta ou psiquiatra ou psicólogo –
que estimula outro a ir ao prostíbulo o induz a pecar (e mortalmente, ainda que
sob a justificativa de que assim se pode curar o enfermo de sua pedofilia).
Logo, o juiz tampouco peca; enquanto o estimulador do pedófilo também peca
mortalmente.
3) Posto
isso, e que, como é evidente, um vício não pode
ser curado com outro vício, mas tão somente com a virtude oposta, os defensores
de tal falácia mudam de discurso e tática e dizem: Não se trata de curar
a pedofilia com a fornicação num prostíbulo. É apenas o uso provisório de um
mal menor. Haja ridiculez! Se assim é, se se trata de alguém com tara de matar
crianças (isso existe), e como a morte de velhos com os dias contados seria um
mal menor que a morte de crianças, que então provisoriamente o tarado use de matar velhos em estado terminal que
queiram morrer. Depois se prosseguirá com o tratamento.
4) Exposta
pois a ridiculez de tal “argumento”, emitem-se outros muitos, todos igualmente
ridículos e contraditórios entre si, mas brandidos como “verdades” de
circunstância. Deem-se alguns exemplos.
a) Se
alguém lhes contra-argumenta que o ideal em casos assim seria, por exemplo, a
castração química, retrucam: Mas o pedófilo em questão nunca praticou nenhum ato
pedófilo; trata-se apenas de uma tendência. Mas, se nunca praticou nenhum ato pedófilo,
por que mandá-lo então a um prostíbulo?
b) Não é
isso, dizem, mudando rapidamente como camaleões. É que o enfermo sofre tanto
com essa tendência que é capaz até de matar-se. Ah! que “caritativo”, digo-lhes
eu. Impedem assim o suicídio do enfermo e expõem a prostituta a qualquer sanha
de um perturbado, tomado de cólera, por exemplo, por sua impotência para
concretizar o ato sexual. Mas quem sabe para esses conservadores defensores da
falácia do prostíbulo uma prostituta não valha mais que um velho em estado
terminal que pede para morrer?...
c) Não
desistem, porém, os nossos falaciosos, e alcançando os píncaros da sofística dizem:
É que o psiquiatra tal, embora seja católico, não pode atuar ali como católico,
mas como psiquiatra! Dizem-nos isso e dão a volta olímpica por sua vitória com
argumento tão imbatível... Só se esquecem todavia das palavras de S. Tomás de
Aquino (a quem esses sofistas têm até a ousadia de invocar como suporte para sua
grosseira falácia): é necessário para a salvação de cada
católico professar as verdades de fé na devida hora e lugar, o que não se dá se
por omissão da declaração de sua crença o católico deixa de prestar a honra
devida a Deus ou deixa de concorrer para a utilidade espiritual do próximo; ou
se, ao ser interrogado sobre sua fé, ele se cala, podendo resultar desse silêncio,
para o próximo, ou a conclusão de que a fé não é verdadeira, ou a perda dela,
ou a desistência de abraçá-la. Como seja, o fato é que não nos basta a adesão
interior à verdade divina; é-nos de preceito confessá-la exteriormente pelo
menos nas condições indicadas por Santo Tomás. E são de Nosso Senhor mesmo
estas inequívocas palavras: “Todo aquele que não me tiver confessado diante dos
homens, o Filho do homem tampouco o confessará diante dos anjos de Deus. E
aquele que me tiver negado diante dos homens, esse será negado diante dos anjos
de Deus” (Luc. 12, 8-9) (cf. Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II,
q. 3, a. 2).
d) E pensam vocês que os nossos sofistas
se deram agora por vencidos? Ledo engano. São titânicos em seu erro, há que reconhecê-lo.
Agora têm a audácia de dizer-nos: Que poderia fazer neste caso o pobre psiquiatra,
se o enfermo nem católico é? Então por isso, digo-lhes eu, por não católico,
entregue-se o tarado ao pecado e ao inferno junto com a prostituta! Imagine-se
se o enfermo mata a prostituta, busca alguma criança para enfim cometer seu
primeiro ato de pedofilia, e depois se mata: tudo o que é muito provável dada a
história mesma que nos contam esses sofistas. O resultado? O enfermo e a prostituta
herdarão o fogo eterno da geena! Mas quem sabe a nossa multidão de falaciosos
psiquiátricos não consideram que, afinal, esse doente não valha mais que uma
prostituta e que um velho em estado terminal que pede para morrer?...
e) Cansados? Eu também. Mas é preciso
continuar a ouvir os nossos sofistas e seu exército de defensores. Que têm para
dizer-nos ainda? Que os que criticam o psiquiatra que mandou um pedófilo a um
prostíbulo devem pôr-se no lugar desse pobre profissional, que teve de decidir
rapidamente diante de uma pressão incalculável de fatos graves que se
precipitavam. Coitado. E digo-lhes eu: Concedo. Todos somos capazes de errar em
situações assim. Mas então por que argumentaram tudo o que precede? Por que não
admitir um erro em vez de tentar justificá-lo das mais variadas e toscas maneiras?
Mais ainda: por que vangloriar-se dele e dar-lhe ampla publicidade como se se
tratasse de um grande feito?
5) Poder-se-iam (uma mesóclise! que horror!),
poder-se-iam multiplicar suas variações em torno da mesma falsidade. Mas basta,
porque o que importa agora é insistir no fato de que multidão de crentes
devotos e afetados de dessiso serve a seus estimuladores como um exército
disciplinado, entrando em perfis alheios, ofendendo com palavrões e sarcasmos
ferinos os que põem a nu a falácia de seus inspiradores, maculando reputações com
inverdades – tal e qual fazem os mesmos sofistas seus diretores de inconsciência.
Qualquer semelhança com o modo de operar
da esquerda, tenha-se certeza, não é mera coincidência.
6) Muitos e muitos dos que me leem este
texto são capazes de testemunhar que sofreram na própria carne tais ataques,
quer dos superiores, quer de seus soldados. Quanto a mim, já decretaram: sou o
guru do Centro Dom Bosco, ajo como se fosse um papa ou um inquisidor-geral (que
defende o Index, vejam só! e não é que a esquerda tem razão?) ou um chefe de cruzada
moralista (e não é que a esquerda tem razão novamente?). Já respondi mais que
suficientemente a tais ataques sórdidos (cf. https://www.estudostomistas.com.br/2020/01/se-sou-o-guru-do-centro-dom-bosco.html
e https://www.estudostomistas.com.br/2020/02/respostas-detracoes.html)
e até já dei uma brevíssima biografia minha (cf. https://www.estudostomistas.com.br/2019/08/quem-sou-eu-uma-brevissima.html), mas espero muitos outros ainda mais graves e sujos. É que, com efeito, nada detém
o exército sofístico.
7) Pois bem, querem guerra? Tê-la-ão (ah!
essas malditas mesóclises). Parafraseando a Karl Marx (se os conservadores falaciosos
têm tanta afinidade com a esquerda em seu modo de operar, por que não posso eu
beber uma vezinha na principal fonte desta?), posso dizer que não tenho nada
mais a perder que os grilhões desta vida com sua carne corruptível e suas
lágrimas. E... não, não, não! Já ia eu cometendo uma dupla injustiça. Esquecia-me
culposamente de dizer se os operadores sofísticos creem de fato ou não no
que eles mesmos dizem e de expor seu último, seu derradeiro argumento. A
resposta à primeira questão – em que afinal eles creem verdadeiramente? –
deixo-a para outra oportunidade. Mas, para cumprir com um estrito dever de
justiça, dou aqui com toda a fidelidade seu derradeiro argumento:
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
AINDA SOBRE SE SE DEVE IR A QUALQUER MISSA TRIDENTINA
Carlos Nougué
Algumas (algumas!) vozes tradicionalistas criticam-me o ter dito que se
pode e se deve ir a qualquer missa tridentina, como o faço eu mesmo. Pois
reafirmo a posição. Uma coisa é alertar do perigo de que em sermões dessas
missas padres modernistas destilem entre os fiéis doutrinas errôneas; e não
cesso de mostrar as doutrinas nefastas que foram vitoriosas no CVII, como o podem confirmar todos
os que me leem diariamente ou leem meus livros ou veem meus vídeos. Mas quem disse que não existia tal coisa antes do concílio? Não
havia então padres modernistas a destilar suas más doutrinas nos sermões?
Estava proibido assistir a missas de um Bea, de um Bugnini, de um Rahner? Ora,
a missa tridentina é POR SI uma lição da mais perfeita teologia; e por isso
mesmo é que os modernistas a substituíram pela missa nova, esse veneno POR SI
tão perigoso para a fé. Deve-se até dizer que um bom sermão numa missa nova não
a salva; pois deve dizer-se também que um mau sermão é incapaz de perder uma
missa tridentina. Não deixa de ser perigosíssimo, e há que constantemente
alertar disso os fiéis; mas, repita-se, não perde uma missa tridentina.
Depois, senhores, uma simples questão de bom senso. Quantos são os
padres tradicionalistas? São capazes de celebrar a missa tridentina a todos os
fiéis que desejam assistir a ela? NEM DE LONGE. Consequência: se só se deve
assistir a missas tridentinas de padres tradicionalistas, então que os
católicos que não sejam atendidos por estes padres continuem a assistir a missa
nova! Isto é, sim, uma sorte de neodonatismo, e não contribui nem minimamente
para ajudar os fiéis a (re)encontrar a tradição.
E por fim: Dom Lefebvre disse algo contrário ao que digo? Antes de tudo,
deve-se ver em que contexto o fez. Depois, diga-se que, se tenho a Dom Lefebvre
por referência ótima ou primeira quanto à crise da Igreja, isso não quer dizer
que ele fosse inerrante -- o que deveria ser óbvio para todos.
Observação: o que disse da missa nova não diz respeito à sua validade ou
invalidade, que estudarei no livro Da Missa Nova.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
OS DOCUMENTOS CONCILIARES CONTÉM DESVIOS DA FÉ, SIM!
Carlos Nougué
Não é incomum entre os próprios tradicionalistas (como
Michael Davies) afirmar que os documentos do Vaticano II não contêm “heresias
formais”, mas antes ambiguidades ou, nas palavras de D. Marcel Lefebvre, “bombas-relógio”.
É que, segundo tais tradicionalistas, o Espírito Santo não permitiria que um
concílio aprovasse “heresias formais”. Pois bem, no livro Do Papa Herético
mostro tanto o equívoco do conceito de “heresia formal” quanto o fato de que esses documentos contêm, sim, não só
bombas-relógio, mas efetivos desvios da fé (o argumento quanto à ação do
Espírito esquece o fato de que o CVII e o magistério ligado a ele devem
reduzir-se praticamente a magistério privado, ou seja, na maioria das vezes não
se trata sequer de magistério meramente autêntico). É o caso do Decreto Ad
Gentes, com suas heréticas “sementes do verbo”, e é o caso também, entre
muitos outros, do “Decreto sobre o Ecumenismo”. Lê-se neste, com efeito: “Ao
compararem as doutrinas, não esqueçam que há uma ordem ou uma 'hierarquia’ das
verdades na doutrina católica, dado que é diversa sua conexão com o fundamento
da fé cristã”. É evidente a intenção: que a Imaculada Concepção de Maria ou sua
Assunção, por exemplo, não sirvam de pedra de tropeço para o ecumenismo com os
protestantes. Mas, afinal, quem sou eu para dizer que tal passagem implica
desvio da fé? Não sou eu quem o diz, mas Pio XI em Mortalium animos: “De
modo algum é lícito estabelecer aquela diferença entre as verdades da fé que
chamam fundamentais e não fundamentais, como gostam de dizer agora, das quais
as primeiras deveriam ser aceitas por todos, e as segundas, ao contrário,
poderiam deixar-se ao livre-arbítrio dos fiéis; pois a virtude da fé tem sua
causa formal na autoridade de Deus revelador, que não admite nenhuma distinção
desta sorte”. -- É que de fato, como o diz o Pe. Calderón, os documentos
conciliares têm três notas principais: confusão, conexão (entre si), e
proscrição, ou seja, sua doutrina já fora condenada pelos papas anteriores.
SE É VERDADE QUE A REFORMA LITÚRGICA TRAIU A "CONSTITUIÇÃO SOBRE A SAGRADA LITURGIA" DO CVII
Carlos
Nougué
Pio VI condenou esta "definição" do sínodo
jansenista de Pistoia: "Depois da consagração, Cristo encontra-se
verdadeira, real e substancialmente presente sob as aparências de pão e de
vinho e toda a substância do pão e do vinho desapareceu, e permanecem só as
aparências". Por que a condenou, se parece tão ortodoxa? Por ter omitido o
termo "transubstanciação", que fora usado por Trento para definir o modo da presença eucarística de
Cristo. Pois tal omissão se repetiu na Constituição sobre a Sagrada
Liturgia do CVII.
Ademais, na Mediator Dei
Pio XII define a Liturgia pondo que é FUNDAMENTALMENTE um ato de culto
tributado por Cristo, como cabeça da Igreja, ao Pai celestial (enquanto os
fiéis o tributam a Cristo e, por meio deste, ao Pai celestial). Mas na Constituição
sobre a Sagrada Liturgia do CVII o centro da Liturgia se desloca
perceptivelmente para a participação dos fiéis, que na Mediator Dei se considerava importante, sim, mas não essencial (razão por que segue sendo
ato de culto perfeito a missa privada, sem a presença de fiéis).
E muito mais, que tratarei no
livro Da Missa Nova. Mas já é possível ir vendo que a reforma
litúrgica que deu nascimento à missa nova não traiu o documento conciliar
quanto ao essencial. Outro assunto é como é possível que um mesmo homem, Paulo
VI, tenha escrito em 1965 a ortodoxa Mysterium Fidei e tenha aprovado
uma reforma litúrgica que chegou a suprimir da forma da consagração do vinho a
própria expressão "mysterium fidei". No referido livro mostrarei que
comportamentos como este, aparentemente esquizoides, são porém o característico
da própria "hermenêutica da continuidade" (cujos expoentes, além de
Paulo VI, foram João Paulo II e Bento XVI).
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