terça-feira, 25 de outubro de 2022

Minha participação no documentário de Bernardo Küster

                                                                                                                                Carlos Nougué

Foi lançado ontem o documentário de Bernardo Küster, “Eles estão no meio de nós”, sobre a Teologia da Libertação. Pois bem, aceitei há já mais de três anos conceder uma entrevista para o documentário. Bernardo esteve em minha casa, e gravamos muito mais do que aparece na versão final (só aparecem uns poucos minutos em que falo da distinção de Jacques Maritain entre indivíduo e pessoa e sua influência sobre várias heresias, incluída a da TL). Sucede porém que Bernardo não teria viajado cerca de 12 horas com o cameraman e seu pesado e delicado material para gravar comigo apenas alguns poucos minutos; além de que nem sequer este breve trecho está completo, mas editado. O centro de minha entrevista não foi a TL, mas o CVII, que de certo modo deu impulso à mesma TL. E no entanto a palavra “CVII” nem sequer aparece no trecho. Com isso, fica parecendo que endosso a posição central de Bernardo Küster e dos demais entrevistados, a saber, que o único verdadeiro mal do CVII foi não condenar o comunismo. Para eles, praticamente não há problema grave nos documentos do concílio, além de que teria havido dois concílios: o verdadeiro, e o propagado pela mídia, o vitorioso. É típico do liberal-conservadorismo: maniqueisti-camente, reduz todo o mal do mundo ao comunismo; e de fato sem este espantalho o liberal-conservadorismo, católico ou não, não sobreviveria. Ora, nada mais distante de meu pensamento sobre o comunismo (como se pode ver [no post anterior] por meu opúsculo “O católico tradicional e Bolsonaro”, e por toda a parte “Política teológica” de meu livro, Estudos Tomistasopúsculos II) e de meu pensamento sobre o CVII (como se pode ver por meu Do Papa Herético, por meu curso gratuito “A atual crise na Igreja”, por multidão de textos e de podcasts meus espalhados pela Internet). Não estou acusando Bernardo de tê-lo feito de propósito; seria temerário supô-lo. Mas o efeito é precisamente este: no documentário, meu pensamento aparece indiferenciado de uma massa doutrinal, liberal-conservadora, que nada tem que ver comigo. Lembre-se que que digo e redigo: Ou as nações se porão sob a bandeira de Cristo, ou serão sempre, sob governos de esquerda ou de direita, pasto de demônios. – Fique pois o esclarecimento.

Observação: apesar dos 70 anos que me pesam – bastante – sobre o corpo, minha memória continua elefantina.