sexta-feira, 1 de abril de 2016

Simples perguntas a um sofista:


Carlos Nougué

Moisés e São Pedro, árvores boas, pecaram ou não pecaram? E o pecado é um bom fruto? E Balaão, árvore má, profetizou ou não profetizou verdadeiramente? E a profecia é um mau fruto? E você, jovem sofista, nunca pecou? Espero sinceramente que, apesar disso, seja uma árvore boa. Etc. Nada disto nega o dito por Cristo: porque se trata de outro aspecto da questão. Reza o princípio da contradição: Algo é e não pode não ser este mesmo algo ao mesmo tempo e pelo mesmo aspecto – o que é o mesmo que dizer: Algo é e pode ser outro algo por outro aspecto.
A vida moral de quase todos é cheia deste outro aspecto. É o que se lê na própria citação de Rábano que o sofista faz sem entender: O homem se considera como árvore boa ou má segundo sua vontade seja boa ou má. Os frutos são suas ações, que não podem ser boas quando são produtos de uma má vontade, nem más quando o são de uma boa. O homem se considera como árvore boa ou má segundo sua vontade seja boa ou má”. Insista-se: quem além de Cristo, de sua Mãe e talvez de alguns poucos santos nunca teve uma vontade má? Você, jovem sofista?
E basta: porque, com efeito, não nos devemos degradar discutindo interminavelmente com quem se move por pura ignorância soberba.