Em seu sempre indispensável O Liberalismo é Pecado (de 1884), o Pe. Félix Sardà y Salvani traça um retrato admirável da negação liberal das pandemias. Parece tê-lo escrito para os dias atuais. Leiamo-lo todos, se queremos curar-nos da infecção do liberalismo também nisto.
«Os nossos leitores, sem dúvida, terão observado
que a primeira preocupação que se nota nos tempos de epidemia é sempre a de
pretender que não existe tal epidemia. Não há memória, nas diferentes
[pandemias] que nos afligiram no século atual, ou nos séculos passados, de que
nem uma só vez tenha deixado de apresentar-se este fenômeno. A enfermidade já
devorou no silêncio grande número de vítimas quando se começa a reconhecer que
existe, dizimando a população. As participações oficiais são, algumas vezes, as
mais entusiastas propaladoras da mentira; e deram-se casos em que por parte da
autoridade se chegou a impor penas aos que afirmassem que o contágio era
verdade. Análogo é o que acontece na ordem moral de que estamos tratando.
Depois de cinquenta anos, ou mais, de viver em pleno Liberalismo, ouvimos
pessoas respeitabilíssimas perguntar com assombro e candidez: “Quê! Tomais a
sério isto de Liberalismo? Não serão, porventura, exagerações apenas do rancor
político? Não seria melhor omitir esta palavra que nos divide e irrita?”
Tristíssimo sinal quando a infecção está de tal sorte na atmosfera que, pelo
hábito, já não a sente a maior parte dos que a respiram!
Há, pois, Liberalismo, caro leitor; e disto não duvides nunca.»