Carlos Nougué
Os evolucionistas têm algo em comum: não se entendem, e especialmente quando o assunto é a espécie. Vejamos algumas de suas tão “concordantes” definições de espécie (grato a Urlan Salgado de Barros pela recolha), as quais são impressionantes nulidades tanto isolada como conjuntamente:
• Sneath & Sokal, 1973 (Escola Fenética): espécie é o
agrupamento menor e mais homogêneo que pode ser reconhecido e é distinto de
outros agrupamentos;
• Templeton, 1989 (Conceito de Coesão): espécie é a população mais
inclusiva de organismos tendo uma coesão potencial, através de mecanismos
intrínsecos de coesão;
• Van Valen, 1976 (Conceito Ecológico): espécie é uma linhagem que ocupa
uma zona adaptativa minimamente diferente daquela de qualquer outra linhagem e
que evolui separadamente dessas outras linhagens. [Esta, para mim, merece o
Oscar.];
• Willey, 1981, modificado de Simpson, 1961 (Conceito Evolutivo):
espécie evolutiva é uma única linhagem de população ancestral e seus
descendentes, que mantém sua identidade em relação a outras linhagens, e que
possui suas próprias tendências evolutivas e destino histórico [sic];
• Rosen, 1979 (Conceito Cladístico): espécie é uma população ou grupo de
populações definido por uma ou mais características apomórficas;
• Cracaft, 1989: espécie é um grupo irredutível de organismos
diagnosticamente distintos de outros grupos e no qual existe um padrão de ancestralidade
e descendência.
Pois bem, segundo esta babel – e para ficarmos apenas entre os homens – constituiriam
espécie os pigmeus (talvez sejam algum elo perdido encontrado no século XX,
como de fato pensaram não poucos evolucionistas...); também os bajaus, que por
certa mutação podem permanecer
muito mais tempo debaixo d’água que os demais homens (e talvez se entronquem em alguma linhagem anfíbia...) –; igualmente os veganos (por que não?); etc. ad
nauseam; além dos próprios evolucionistas, entre os quais aliás já se vai
formando uma nova subespécie, com “destino histórico” e tudo: a dos darwinistas que, como diria João Victor Schmanski, defendem a evolução das espécies sem nem sequer fazer ideia do que seja evolução e do que seja espécie, embora esta
subespécie de evolucionistas talvez seja involutiva... É pois de surpreender que hoje se calcule
o número das espécies na casa dos milhões, e que ninguém se entenda na hora da classificá-las,
razão por que hoje não há, falando propriamente, quadro taxonômico algum do
mundo animal?
Mas dou aqui minha definição de espécie animal
(que vale também, de certo modo, para a espécie vegetal): a que tem sob si
muitos diferentes só em número e capazes de procriar entre si outros
que lhes são essencialmente idênticos. Ou seja, os indivíduos de uma mesma espécie animal são capazes
de gerar uma prole cuja essência é igual à sua, o que se dá porque lhe eduzem o princípio formal dessa mesma essência: uma alma que só difere da sua em
número.
Observação 1: esta definição não é lógica, mas
metafísica (ou antes, metafísico-biológica).
Observação 2: Per accidens, os indivíduos podem ser ou tornar-se absolutamente incapazes de procriar – se são ou se tornam acidentalmente estéreis – ou só relativamente incapazes de procriar, assim
como, se portadores humanos do gene da ELA (esclerose lateral amiotrófica) só
procriarem durante algumas gerações com outros portadores do mesmo gene,
chegará o momento em que sua descendência já não poderá procriar com outros
humanos que não possuam este gene – e isto sem deixar de ser humanos.