Com efeito,
escreve o Papa Gregório XVI na Encíclica Mirari vos:
“Condenação
da rebeldia contra as autoridades
13. Mas,
tendo sido divulgadas, em escritos que correm por todas as partes, certas
doutrinas que lançam por terra a fidelidade e a submissão que se devem aos
príncipes, com o que se alenta o fogo da rebelião, deve-se vigiar atentamente
para que os povos, enganados, não se afastem do caminho do bem. Saibam todos
que, como disse o apóstolo, toda autoridade vem de Deus e todas as que existem
foram ordenadas por Deus. Aquele, pois, que resiste à autoridade resiste à
ordem de Deus e se condena a si mesmo (Rom 13, 2). Portanto, os que com torpes maquinações
de rebelião se subtraem à fidelidade que devem aos príncipes, querendo
tirar-lhes a autoridade que possuem, ouçam como contra eles clamam todos os
direitos divinos e humanos. 14. Não era este, certamente, o proceder dos
primeiros cristãos, os quais, para obviar a tão grave falta, ainda que em meio
das terríveis perseguições suscitadas contra eles, se distinguiram por seu zelo
em obedecer aos imperadores e em lutar pela integridade do império, como
provaram quer no pronto cumprimento de quanto lhes era ordenado (sempre que não
se opusesse à sua fé de cristãos), quer vertendo seu sangue nas batalhas,
pelejando contra os inimigos do império. Os soldados cristãos, diz Santo
Agostinho, serviram fielmente aos imperadores infiéis, mas, quando se tratava
da causa de Cristo, outro imperador não reconheceram que o dos céus.
Distinguiam o Senhor eterno do senhor temporal; e, não obstante, pelo primeiro
obedeciam ao segundo (In Ps. 124. n. 7).”