terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A eloquência de Carlos Lacerda


C. N.

Como digo na Suma Gramatical da Língua Portuguesa, maior formalidade à língua falada não lha dá a Gramática ou arte da escrita, mas a Eloquência, em ordem à Retórica. E um dos princípios da Eloquência é o pronunciar os fonemas de dada língua de maneira a mais marcante para o ouvido, e de maneira a mais distintiva. Assim, por exemplo, importa usar preferentemente o erre vibrante alveolar múltiplo (o dos gaúchos), e não reduzir a u o ele de fim de sílaba (“mal” e não “mau”, justamente porque mal é advérbio e mau é adjetivo; mas também “algum” e não “augum”). É o que tento fazer em meus cursos on-line ou presenciais e em minhas palestras. Não o inventei eu, obviamente; ouvi-o e aprendi-o na infância e na adolescência até de cantores populares cariocas, mas muito especialmente de professores, e ainda de políticos como Carlos Lacerda (1914-1977), também carioca. Este parlamentar e estadista, de dignidade e de elevação praticamente inexistentes entre os políticos atuais – ainda que não se possa assentir a algumas de suas posições, o que é assunto para outro lugar –, este parlamentar e estadista era, ademais, um exemplo de rétor, de orador. Escutai-o pelos links abaixo, e fazei uma ideia da enormidade do que se perdeu neste país, em termos de cultura, ao cabo de parcos cinquenta anos.